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sábado, 21 de abril de 2012
A VOCAÇÃO DE JESUS
01. Jesus é o modelo do homem realizado, do homem novo, segundo São Paulo (cf. Ef 1,1-14; Cl 1,15-23). Como teria sido a caminhada vocacional de Jesus? Jesus é mais do que um simples mestre de moral e de religião; mais do que uma figura romântica ou abstrata. Veja-se o realismo da Encarnação, seguido da concretização de um projeto, conforme acontece em toda experiência humana. O batismo de Jesus, do qual falam todos os evangelistas, é como que a arrancada inicial de sua chamada vocacional. Caminhada pontilhada de fatos adversos, surgidos da parte dos parentes (cf. Mc 3,21), dos discípulos (cf. Mc 6,51-52), das autoridades judaicas (cf. Mc 3,22) e do próprio demônio (cf. Mt 4,1-11).
02. Dificuldades à parte, encontramos, sobretudo nos três primeiros evangelistas (cf. Mt 4,12-22; Mc 1,14-15; Lc 4,1-13), uma programação missionária de Jesus, inspirada em Isaías (cf. Is 61,1-2): O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me para proclamar a remissão aos presos e aos cegos a recuperação da vista, para restituir a liberdade aos oprimidos e para proclamar um ano de graça do Senhor (Lc 4,18-19). Esse é um programa que reflete a caminhada vocacional de Jesus, Filho e Servo, que torna presente o Reino de Deus com a sua pessoa e a sua atuação, visando, sobretudo, os desfavorecidos: Ide anunciara João o que tendes visto e ouvido: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos ficam limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, aos pobres é anunciado o Evangelho (Lc 7,22).
Tudo isso, reflexo do amor gratuito de Deus, de modo especial simbolizado no pastor e na mulher que fazem festa ao encontrarem o que haviam perdido; e no pai que festeja o retorno do filho sonhador (cf. Lc 15).
03. Conforme recordamos de início, “o projeto de Jesus, e a sua fidelidade, aquela que poderia se chamar a vocação de Jesus, não foi algo de pacífico e de pouca importância, mas foi realizado em uma situação de incompreensões e contradições, até a forma extrema de condenação pública: a morte de cruz”. Na Quinta-feira Santa, ao celebrar a Ceia pascal, deu Jesus a interpretação de sua morte como morte do mártir, do servo, do profeta: o pão, partido e repartido, era seu corpo, era sua existência doada; o cálice, dom da sua vida de mártir: Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo ao Pai, como amasse os seus que estavam no mundo, até o extremo os amou (Jo 13,1; cf. Fl 2,6.8; Hb 5,8).
O exercício da liberdade de Jesus se torna amor desinteressado, doação total, refletindo “o amor fiel e salvador do Pai”. Eis um reflexo de sua ternura: Vendo a multidão, ficou tomado de compaixão, porque estava enfraquecida e abatida como ovelhas sem pastor. Disse, então, aos seus discípulos: ‘A messe é grande, mas os operários são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da messe, que envie operários para a sua messe’ (Mt 9, 36-38; cf. Mc 6,34; Lc 13,9-17; Jo 6,5.11).4. Do nosso papa João Paulo II: “E aos jovens de hoje digo: sede mais dóceis à voz do Espírito, deixai ressoar, no profundo do coração, as grandes esperanças da Igreja e da humanidade; não tenhais medo de abrir o vosso espírito ao chamado de Cristo, senti sobre vós o olhar amoroso de Jesus e respondei com entusiasmo à proposta de um seguimento radical” (PDV 82).
05. Jesus, o grande vocacionado do Pai, exercia uma atração irresistível na alma, no coração, em toda a vida do nosso pia espiritual São Francisco de Assis. Fala-nos o seu principal biógrafo: Realmente, ele tinha muitas coisas com Jesus: sempre trazia Jesus no coração, Jesus na boca, Jesus nos ouvidos, Jesus nos olhos, Jesus nas mãos, Jesus nos demais membros. Quantas vezes, quando se sentava para o almoço, ao ouvir ou nomear ou pensar em Jesus, se esqueceu do alimento corporal... Muitas vezes também, quando ia pelo caminho, meditando e exaltando Jesus, se esquecia do caminho e convidava todas as criaturas ao louvor de Jesus (1Cel 115,5-7).
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