quinta-feira, 16 de maio de 2013

Pastoral Vocacional

Pastoral Vocacional
SCALABRINI E SÃO CARLOS BORROMEO A decisão de dar como patrono à sua Congregação São Carlos Borromeo, não parece uma inspiração fulminante, mas vem a Scalabrini de muito longe, isto é, do âmago de toda sua vida espiritual. A isto nos induzem as próprias palavras com que ele an uncia tal decisão aos seus missionários, na célebre carta de 1892. 1. A decisão de dar como patrono à sua Cong regação São Carlos Borro meo, não parece uma inspiração fulminante, mas vem a Scalabrini de mu ito longe, isto é, do âmago de toda sua vida espiritual. A isto nos induzem as próprias palavras com que ele anuncia tal decisão aos seus missionários, na célebre carta de 1892. Diz ele de fato: “Após ter rezado um dia inteiro ao Senhor para isso (= colocar a nossa Congregação sob o patrocínio de um Santo), e invocado as luzes do Espírito Santo, apareceu-me à mente mais radiante e mais suave do que nunca a figura do grande São Carl os”. As palavras do nosso cursivo testemunham, de fato, que a figura do Santo lhe era já radiante e suave também antes de então. De fato, além da sua origem lombarda, lembremos que o Sacerdote Scalabrini teve a tarefa de revisar o Catecismo de Como, à luz da Escola da Doutri na Cristã de São Carlos Borromeo; além do mais, o seu Pequeno Catecismo para os jardins da infância (1875) cita duas vezes São Carlos, enquanto o seu Catecismo Católico (publicado em Piacenza em 1876, mas escrito em Como quando ele era pároco da igreja de São Bartolomeu) contém mais de trinta citações de São Carlos Borromeo – entre as quais todo o Capítulo XVII. 2. Além disso, é necessário acrescentar que Piacenza estava ligada de maneira muito estreita a Carlos Borromeo , mediante os predecessores de Scalabrini, os Bispos: Burali (muito estimado por São Carlos, qu e o quis como participante em dois de seus sínodos), Sega (a quem Bascapè dedicará a crônica das últimas horas de vida de São Carlos) e Rangoni (que foi um dos promotores da causa de beatificação de São Carlos). 3. São Carlos Borromeo era também, no temp o de Scalabrini, “o ideal de Bispo feito realidade” (Alberigo), o pastor que “se fez tudo para todos”, ardendo de zelo pela salvação das almas que custaram o sangue de Cristo. O exemplo de Borromeo, já escreveu Soranzo, célebre embaixador veneziano da época, teve mais valor do que todos os decretos do Concílio de Trento, porque realizou, através da criação de estruturas adequadas, todos os decretos do Concílio relativos ao ministério do Bispo: residência, pregação, visitas pastorais, seminários, catecismo, Sínodos e Concílios provinciais, culto e obras de caridade... E somente ao nomear esse s capítulos, percebemos em detalhe a imagem do Bispo Scalabrini. 4. São Carlos é visto, pela historiografia ma is reconhecida, sobretudo como o Bispo-Pastor. “Mais se indaga, mais se lê,se conhece e se escuta aquilo o que fez Borromeo e mais somos levados a crer que a chave de explicação mais pr ovável de sua excepcional estatura está em sua função de pastor, que ele exerceu tendo sempre diante de seus olhos o único bom pastor, Jesus Cristo, de quem realizou, talvez como nenhum outr o, a semelhança descrita no Capítulo X de Evangelho de João. Implantou, segundo novos esqu emas que resistiram até quas e os nossos dias, todo o cuidado para com as almas, estabelecendo como ponto cardeal uma relação estreita entre fiéis e bispo, entre fiéis e sacerdotes: estes e aquele de vem conhecer os batizados, ajudá-los, conduzi-los com a santa doutrina, libertá-los da ignorância, corri gi-los em seus erros, puni-los, se necessário, nos abusos, assisti-los nas necessidades. Viver junto do povo – daqui a obrigação da resi dência prescrita para os párocos e bispos e o exemplo que deu de residência – se torna para Sã o Carlos um compromisso primário, aquilo que lhe permitiu conhecer a fundo virtudes e vícios, nece ssidades e capacidades de seu povo: sobre este conhecimento, redigiu uma série de disposições pr áticas que iam da exor tação à prescrições... E antes de intervir com as prescrições e com as correções, intervinha com o bom exemplo. Caminhou sempre diante de seu rebanho, foi sempre o primei ro a fazer aquilo que pedia, segundo o exemplo de Cristo coepit facere et docere (Jesus começou a fazer e depois a ensinar) (At, 1,1). E o próprio Cristo e o seu Evangelho tornaram-se o ponto de refe rência de cada ato e de cada prescrição de São Carlos (...) (L. Crivelli). 5. Entre os múltiplos aspectos em que Scalab rini se “espelhou” em São Carlos, veremos a seguir nestes Dépliants , mais particularmente, aqueles que co nsideramos os dois baluartes da sua pastoral, depois daquele da Eucaristia ( Dépliants n. 2-3 ), isto é, as Visitas pastorais e os Sínodos. No momento, nos satisfazemos em extrair alg uns traços comuns dos dois, a fim de esboçar um perfil em paralelo. Não esqueçamos, todavia, que se é possível um paralelo entre Borromeo e o seu “imitador”, não devemos deixar passar desperce bido as diferenças macroscópicas, não só de personalidade (que aqui não é o lugar de tratar), mas também entre as duas épocas que os viram protagonistas: aquela da assim dita contra-reforma ou melhor, Reforma católica ; e aquela da idade do Positivismo. Em certo sentido, São Carlos teve mais sorte do que Scalabrini, porque a sua época era ainda uma época cristã e unitária, enquanto aquela de Scal abrini era uma época laica e pluralista: laica na família, escola, mundo do trabalho e política, etc. . Além disso, a época de São Carlos não era ainda corrompida pelo caruncho (preocupação) do individ ualismo libertário, como aquela de Scalabrini.

SCALABRINI E A IGREJA

Scalabrini Nos escritos de Scalabrini (em particular nas Cartas Pa storais e nos Discursos por ocasião das Festas), o tema sobre a Igreja é o mais abordado. Por isso, seria uma tarefa quase impossível, ainda que em síntese, apresentar aqui todo o conjunto de seu pensamento. Neste “dépliant” nos limitaremos a antologizar alguns aspectos que Scalabrini privilegiou e que retornam co m freqüência como um “Leit-motiv”, ou que permanecem atuais. Nos escritos de Scalabrini (em particular nas Cartas Pastorais e nos Discursos por ocasião das Festas), o tema sobre a Igreja é o mais abordado. Por isso, seria uma tarefa quase impossível, ainda que em síntese, apresentar aqui to do o conjunto de seu pensamento. Neste “dépliant” nos limitaremos a antologizar alguns aspectos que Scalabrini privilegiou e que retornam com freqüência como um “Leit- motiv”, ou que permanecem atuais. Das Cartas Pastorais, queremos re cordar aquela de 1877 e a de 1888, inteiramente dedicadas a esse tema, Igreja. Com relação aos Discursos, lembraremos daqueles elaborados por ocasião da Festa de Pentecostes que tratam, em geral, do nascimento da Igreja e de sua natureza. Entre os discursos por ocasião da Páscoa, quereremos evidenciar a analogia Igreja-Ressuscitado (1879); a Igreja co mo civilização cristã (1888); e os triunfos do Ressuscitado na Igreja (1900). Também no discurso sobre a Epifania (1877) e até mesmo em um dos dois únicos discursos sobre a Ascensão, Scalabrini aborda o tema da Igreja “plenificada” por aquele mistério. Enfim, devemos lembrar, dentre os Discursos sobre a Assunção, aquele de “Maria imagem da Igreja” (1882), um dos mais belos e atuais. “A Igreja é uma sociedade; uma sociedade de natureza inteiramente diferente das outras, porque é sociedade terrena- celeste, portanto, verdadeira imagem do seu Fundador, Homem e Deus ao mesmo tempo. Ela é quase encarnação viva de Jesus Cristo na terra, uma continuação de sua vida mortal, a sua perpétua manifestação entre os homens” (Páscoa 1900). Antes de passar à antologia dos seus escritos, vamos ver, em flash, alguns pensamentos dominantes. Scalabrini amou a Igreja, sentindo-a exatamente como a “encarnação viva de Jesus Cristo”; e Jesus Cristo (Dèpliant n. 11) é o amor e a verdade do Pai feito carne para a salvação de todos os homens. E amor e verdade será a Igreja, que é a “continuação da sua vida mortal”. Esta Igreja que leva a salvação a todos os homens será, por natureza, uma Igreja missionária; e Scalabrini realizará a sua “procrastinada” vocação missionária de um modo providencial todo novo: mediante a evangelização dos migrantes católicos europeus, que por sua vez “estenderão o Reino de Cristo” no novo mundo. Dizer Igreja e dizer “civiliz ação cristã” é a mesma coisa. E dizer civilização cristã é a mesma coisa que dizer civilização somente. A civilização cristã, criada e alimentada pela Igreja é a civilização do amor operoso, que se exprime pelas obras de caridade. A Igreja, através dos sacramentos e da palavra, dá ao homem, fraco e errante, a força da graça e a luz da verdade, das quais é pleno o seu Fundador. O Estado, portanto, para não ser míope, deve dar espaço a esta civilização e favorecer e não contrastar ou reprimir a obra da Igreja que a cria e a desenvolve. A Igreja forma o verdadeiro cidadão, porque forma o homem; e forma o homem, porque lhe forma a dimensão moral, tendo ela a única moral perfeita reconhecida para motivar-lhe e sustentar-lhe a fraqueza humana no cumprir a verdade. A Igreja é na história o instrumento de Deus para realizar o seu plano, que é só um plano de salvação, a que todos os homens são chamados. A Igreja sobre a terra partilha o mistério divino-humano de seu fundador: é um mistério de grandeza e de miséria, mas com uma saída final na glória. Nasce daqui um otimismo cristão e scalabriniano. A Igreja que é una , conheceu ao longo dos séculos as divisões, mas deve trabalhar para reencontrar a unidade perdida: com paciência, humildade e esperança. Scalabrini, amante da Igreja “viva encarnação de Jesus Cristo”, não podia não fazer da Eucaristia “extensão da Encarnação de Cristo” o seu primeiro grande amor e não ver na Eucaristia o vínculo da unidade da Igreja, quando afirma que é a Eucaristia que faz a Igreja! “A Igreja é formada por este sacramento (= Eucaristia). A Eucaristia é o sinal, sob o qual fostes reunidos: “O Senhor nos reuniu com a comunhão do cálice” (Síno